domingo, 31 de agosto de 2008

Lista Telefônica

Esse post tem esse nome porque decidi finalmente listar todos os brasileiros que são nossos amigos e pseudo-família por aqui. Sinceramente, de todos esses que vou citar, só conhecia previamente o Jairton e o Eltoni. E como somos todos humanos, não, não gosto de todos. Mas reconheço o quanto a gente se ajuda e se apóia e agradeço a presença de todos e dos que vão vir, porque cada vez que a gente faz uma festa, ouve música sertaneja, lembra de guaraná e açaí e trakinas, a saudade dói um pouquinho mas melhora um pouquinho também.
A diversidade só traz mais conhecimento e conhecimento traz compreensão. E na Nova Zelândia, onde os brasileiros incrivelmente se encontram, tive o imenso prazer de conhecer brasileiros que nunca cruzariam o meu caminho. Então vamos lá:
Tem o Eltoni e a Priscila, o Jairton e a Jana, o Juliano e a Tati, a Érica, o tio da Érica - Tico, o pai da Érica - Toninho, o João e a Drica, a Marielle, o Edgar, o Dodo, a Simone e o Alex, a Raquel, a Yasmin que é de moçambique mas fala português, o Oséias e a irmã cujo nome fugiu, o Sandro e a Helen, pais da fantástica Lara, o Ganso (o quê?). Esse são os brasileiros.

Espaço para uma menção honrosa para os kiwis que nos alojaram, empregaram, estão aprendendo português, ainda não entendem bem do que que tanto a gente dá risada, mas se esforçam para se entrosar nessa turma, se esforçam para ensinar a gente a ser kiwi, se esforçam para entender what the hell gente come e como assim a gente se beija em público? O Brent, santo brent dos brasileiros desempregados, o Rob -Fiona e bebê, a Lisa gigante, a Dawn, mãe de todos e meus patrões, Trev e Becks.

God defend New Zealand

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Alalaôôôô

Morando em Sp, que tem as 4 estações do ano em uma manhã, não dá pra perceber bem o quanto o clima influencia as pessoas.
Morando na NZ, que tem 4 estações de verdade, é um assombro ver o que acontece depois de uma semana chovendo, quando o sol aparece morno, secando a lama e fazendo a grama crescer. A gente ri mais, come menos, corre mais, reclama menos. Até a caixa mau-humorada do supermercado e o carteiro ficam mais simpáticos. E todo mundo comenta do clima...
Há dois dias atrás saía pra trabalhar com três calças e 3 blusas, mais o macacão e gorro. Hj de manhã, calça de moleton mais uma blusa de manga comprida eram mais do que suficientes. Pendurei minha roupa lavada do lado de fora, pela 2 vez, e nem congelou.
Comprei um hidratante+auto-bronzeador, pq a primavera tá virando a esquina e as pernocas estão cor de inverno polar.
Tirei minhas havaianas da mala e elas respiraram aliviadas ao ver o dia maravilhoso que brilha lá fora. Não há nada melhor quer ser otimista só porque está sol.

Agora, calor calor de morrer, ainda não. Aproximadamente 12, 13 graus...Perfeito!

domingo, 24 de agosto de 2008

No pub

Primeira informação importante: por aqui as pessoas bebem bastante. Muito mesmo. Não importa o dia ou a hora. Eu sei, não é mto diferente do Brasil e da cerveja nossa de cada dia. A questão é que, lá ou aqui, eu não bebo muito. Não curto cerveja e acho que tem hora, lugar e companhia pra beber um vinho, uma vodka ou uma tequila. Sem falar que inglês não é minha primeira língua, tenho que fazer um certo esforço e dar backup para o Rô. Imagina se eu encho a cara? Não vai sair nem português nem inglês, vou acabar largada na sarjeta perdida numa cidade estranha ou pior, deportada num avião de volta pro brasil por xingar o policial de bobão em português e ele se ofendeu. Resumindo, como boa escorpiana, detesto perder o controle.

Segunda informação importante: o pub aqui é uma extensão da casa das pessoas. É onde eles jantam, almoçam, fazem negócios e mais importante de tudo isso, bebem. O dono do nosso pub de escolha, o mais perto daqui (num lugar perdido no meio do nada), Shane e sua mulher Sandy, conhecem todo mundo, criam animais nos fundos e trocam leite por ceveja (pelo menos com o meu patrão, que como vc pode imaginar, bebe daquele jeito).

Dito isso, fomos no pub sábado, depois de um dia mto gostoso na fazenda. Bebi uma Smirnoff Ice genérica. Foi a primeira vez que meus patrões me viram bebendo, foi um evento. Quando terminei a garrafinha, devolvi, agradeci e Shane me perguntou se eu queria mais uma. Polidamente respondi não obrigada, pronta pra iniciar a jornada da coca-cola.

Sabe o que ele me disse em resposta???
"Is there something wrong with you?" "Vc tem algum problema?" e complementou com " Precisamos ensinar vc melhor."

Ai ai....assim me sinto um peixe andando na rua de quimono usando monóculos...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Resposta a um post da Rob...

Saudade da cultura. Dói a falta de Av. Paulista, de possibilidades infinitas de aprendizado a cada esquina. Arde um pouquinho a inveja de cinema, de teatro, de exposições que eu sempre perdia, mas morria de vontade de ir. De Oscar Freire, de Luis Fernando Veríssimo, de Bienal do Livro onde nunca comprava nada, Livraria Cultura, feirinhas, feira livre, cantadas e verduras baratas.
Faz uma falta danada o Caderno 2, os quadrinhos, o horóscopo, a revista semanal mesmo que sob uma chuva de críticas. Festas de rua, tumulto, povão, números exorbitantes, diversidade. Só pra poder reclamar, disfarçando o orgulho de uma cidade exorbitante.
Perco a respiração ao lembrar da vida 24 horas quando vou dormir às 22h.
Minhas pernas formigando quando andava tanto tanto, dos jardins até santa cecília, de uma ponta a outra ou só até a próxima estação de metrô. Meus braços doendo de agarrar o balaústre do ônibus mais velho da frota, capengando e caindo aos pedaços. Como o último ônibus na marginal depois de um dia caótico, tarda mas não falha.
Saudade de cinza, de liquidação, de museu da língua, de ibirapuera, de missa, de pastel e caldo de cana, de vinho sem vergonha na cantina da maria antônia que deixa a língua roxa roxa e o dente azul.

Tudo isso é o quarto mês. Eu choro um pouquinho, pela janela ouço o vento da chuva que vem chegando e melhora. Mas não passa, e nem quero que passe. Quero me agarrar à tudo que existe de bom nesse meu mundo, que cresceu mas não desapareceu.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Happy feet

PINGUINS!!!!!!!!

Eu vi pinguins!!! Estou super hiper ultra emocionada, vc nem imagina. Pinguim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!E leões marinhos!!!!! E coelhos!!!!!!!!!!!! Tá bom, eu sei que já tinha visto coelho na vida, mas não junto com pinguins!!!!!!!!!!!!!

Lembra da história do pneu? Não né, pq tá embaixo desse post. Anyway. Quando o pneu furou, estávamos indo com o cobertor ver os pinguins azuis em Oamaru, que são criaturas noturnas, voltando pra casa.
Calma, deixa eu tentar de novo, estou me atropelando de tanta alegria!
Em Oamaru, 30 km de casa, tem uma atração turística/estudo populacional que é a Blue Penguin Colony. Eles contruíram ao redor de uma colônia natural de pinguins azuis, e todo dia os pinguins, depois de passarem todo o dia no mar, voltam para casa.
A atração é vc ficar na arquibancada, cobertor nas pernas que deixamos em casa, passando um frio da p... esperando os pinguins saírem do mar e subir a encosta e entrar nas casinhas na grama. E os preguiçosos que não saíram de dentro da toca o dia todo ficam chamando os outros, reclamando o porque da demora.
E hj tinham dois leões marinhos largados contentemente no meio do caminho dos pobrezinhos. A primeira manada (?? Rebanho?? Cardume???Alcatéia?? Alguém me ajuda!) que saiu da água, uns 15 picolinos (essa espécie é a menor de todas, eles têm aprox 30cm e 1kg), pararam no meio das rochas e fizeram uma reunião estratégica, com direito a projetor, apresentação de pps, cafezinho e teleconferência, para decidir quem ia primeiro. No fim, ganhou a abordagem corre todo mundo.
E teve um explorador mais atrevido que subiu as rochas bem aonde nós estávamos, na cerca, passou pelos nossos pés e se dirigiu ao restaurante para jantar, pq ele não é bobo de ficar passando frio. Acho que vimos uns 40 pinguins no total, depois recolhemos os dedos que ficaram colados na cerca e voltamos pra casa.

Foi uma folga excelente!!! Vou contar toda essa história pros bezerros amanhã e ver se eles dormem.

Nunca mais reclamo....

da Min. Rocha Azevedo.

Hj estavámos de folga. Depois do fiasco de ontem à noite, que envolveu um pneu furado, um macaco muito alto para o carro e duas criaturas muito desapontadas, fomos de manhã para Oamaru, na maravilhosa rede de conserto de pneus Beaurepaires, para descobrir que tinha um prego ocasionando todo o drama. Aparentemente, o prego mais caro do mundo, pq tivemos que comprar um pneu novo. Ainda bem que todo o setor de serviços daqui é ultra eficiente (sem falar que não tem mta gente no país mesmo, pra nada tem fila...) e rápido, lá pelas 11h já estava tudo certinho. Resolvemos ir conhecer mais um pedacinho do mapa e viajamos 120km para Dunedin.
Fato: Dunedin é a segunda maior cidade da ilha sul (Chch é a primeira). E é onde se localiza a Baldwin St.

"A rua mais inclinada do mundo “Baldwin Street”, localiza-se na cidade de Dunedin, sul da Nova Zelândia. A rua possui 350 metros de comprimento e seu declive máximo é de 1:2.86 ou 19 graus. Andar de bicicleta nesta rua pode ser algo muito perigoso!" http://curiosidadesnanet.wordpress.com/2008/07/25/baldwin-street-a-rua-mais-inclinada-do-mundo/

Não passamos por essa especificamente, mas por mtas outras igualmente "subidas" terríveis. Nunca fui pra San Francisco, mas O diário da Princesa me diz que deve ser bem parecido.

Conhecemos a cidade, que é linda maravilhosa e tem uma das maiores heranças de arquitetura eduardiana e vitoriana da NZ. Lógico que eu estudei. Tirei muitas fotos, comemos comida indiana, vimos o mar, passamos por estradas fantásticas, por sol chuva e neve e descobrimos que vamos ter que voltar lá assim que possível, tipo, amanhã?

A fábrica da Cadbury Chocolates é lá, bem no meio da cidade (só fiquei sabendo no fim da tarde, quando já tinha fechado). E eles tem um tour, com degustações. Estou salivando, espera. E a fábrica da Speights, que é a melhor cerveja daqui, também é lá. E também tem um tour.
Adoro a NZ.

domingo, 10 de agosto de 2008

Quarto mês de gestação

Nop, não estou grávida. Muita calma nessas horas. Aliás, nada a ver o angu com a salsa.
O fato é que estamos no meio do nosso quarto mês na NZ. E isso é importante pq, vc pergunta. Pq todo mundo que estava aqui antes de nós, e não são poucos brasileiros, disseram que em termos de saudade, esse é o pior período. Até o sexto mês. Se vc conseguir sobreviver, vai ficar tudo bem.

Estou dizendo isso porquê está passando o jogo de futebol masculino Brasil e NZ na tv. E se posso comentar, a camiseta da seleção é horrível e a razão para eles estarem usando-a é pior ainda. E por aqui, o jogo não é transmitido na íntegra. Tem comerciais, além do intervalo. Estranho eu sei. O Ro está xingando e sofrendo de saudade do Cléber (hj ele confessou que até o Galvão tá fazendo falta. Alguém se habilita a gravar uns Globo Esporte, Auto esporte e Esporte Espetacular e mandar num dvd?). A seleção canarinho (cianótico) está ganhando de 1X0.

Voltando ao angu. Depois de pensar muito sobre o porquê do aumento exponencial da saudade, eu cheguei a uma boa conclusão. É porque o quarto mês é quando a NZ deixa de ser a NZ e passa a ser casa. Aí dá conflito de interesses. O coração está lá, mas já está aprendendo a estar aqui. Vc já acostumou com o colchão, com as placas de trânsito, com o supermercado, com o horário da vida, com o clima, com o correio, com o banco, com a comida estranha, com compras de second hand, com as vacas, com o jornal da tv, com os programas matinais, com a chaleira elétrica, com água quente nas torneiras, com a wharehouse, com os feriados daqui, com as pessoas daqui, com a vida por aqui. E o terrível é ficar comparando, lembrando, desejando que as pessoas de lá estivessem aqui.

E por aqui é tão fácil se sentir em casa. E se vcs vissem o que eu vejo pela janela todos os dias ou andando de carro, montanhas brancas, colinas verdes irretocáveis, sol nascente deixando tudo laranja, sol poente doendo o olho de tão cor de rosa, nevando, poças de água congeladas e pastos brancos, tudo tão perfeito, tão bem feito, tão organizado. Deus foi tão generoso e tão inteligente (não tem formiga. nem pernilongo. nem sapo) quando criou a NZ que é impossível não se apaixonar.
Não estou dizendo que é só moleza. Eu nunca imaginava, por exemplo, o tipo de exaustão moral e psicológica que dava mudar de país. Ter que descobrir o funcionamento da vida. Ficar trocando de língua, ficar traduzindo pra todo mundo na ida e na volta da conversa, resolver as coisas, explicar como funciona no Brasil e pior, ouvir que o seu jeito é estranho, que não funciona, que coração de galinha é comida de cachorro e couve é comida de vaca. Cansa pra caramba.
E isso tudo muda no quarto mês. Vc se torna parte da paisagem e cai a etiqueta de gringo que a gente carrega na testa. Eu só espero isso passar logo, pq quem está perto de mim já deve estar cansado de me ouvir falar da minha mãe, do meu pai, do meu irmão, da cléo, etc e tal.

Resumindo a ópera. (SAUDADE)³

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sobre a morte da bezerra

Acabou a mamata e começou a mamada. Estão nascendo os bezerros e agora eu tenho que ir trabalhar, duas vezes ao dia, alimentar a criançada.

É gostoso, eles são fofinhos, bonitinhos, pequenos, babões e teimosos. E balem a noite inteira. Mas vc tem que convencê-los um a um que eles precisam largar o(s) seu(s) dedo(s) e abocanhar a teta pq do seu dedo não vai sair leite. Não, não a minha!!!!!! Eles são alimentados com um negócio chamado feeder, uma bacia gigante e alta com tetas de borracha atarrachadas e tubinhos.

No momento são uns 40.Mas tem mto mais a caminho. Os meninos mais bonitos e fortes são vendidos baratinho, os menorzinhos vão para o caminhão do McDonalds (sim, todo mundo chama o caminhão assim por aqui. E eu ainda como no Mc Donalds). As meninas são cuidadas e mantidas até crescerem e virarem vacas leiteiras.

A parte ruim é carrega-los, colocar em cima do caminhão e separá-los das mamães. Ou matar os pobrezinhos. E tem um monte que nasce morto. Dá uma dó!