quinta-feira, 19 de março de 2009

Câmbio desligo

Não estou encerrando o blog...é só uma pausa.
Esse é o meu último post diretamente de terras kiwi: daqui a pouco embarcaremos rumo à Auckland e de lá, casa.

Mas eu volto, com mtas mtas mtas novidades e um butijão de gás pra começar de novo a vida aqui na NZ. Enquanto isso, veja como estamos no site do nosso casamento! =)

Foi um turbilhão de emoções, um aprendizado inexplicável e uma mudança de vida além do imaginado. Foi também um prazer imenso poder dividir todas as agruras e alegrias da nossa quase-anônima vida.

Se você prometer voltar aqui pra saber da gente, a gente promete escrever quando voltar. Um beijo!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Terapia Ocupacional

Por acaso do destino, estava lendo intermináveis tópicos de casamento numa comunidade do Orkut, e uma das meninas postou um link para um vídeo que ensinava a fazer uma caixinha bem bonitinha de papel (bem-casados...agora tá na moda por na caixinha.). Eu entrei lá e constatei que o vídeo ensinava a fazer origami.
Adoro origami. Na escola, me ocupava fazendo minúsculos barquinhos de papel. Minúsculos mesmo, usava a ponta da lapiseira pra ajudar a dobrar. Meu repertório não é mto vasto, mas me serve bem: barquinhos, estrelinhas gorduchas, baleias, sapinhos. E agora, com a antes ignorada ajuda do iutchúibiu, aprendi a fazer 3 tipos de caixinhas e 4 flores diferentes!

Acredito muito em sincronicidade: voltei a dobrar papel bem dois dias antes de enfrentar um vôo de 17h. Adivinha o que vou fazer no avião-lata-de-sardinha-com-telão-ruim da Aerolineas?? Eu e a minha revista já semi-depenada (reciclagem, reciclagem!!).

Sem falar que dobrar papel é uma excelente maneira de esquecer que as malas precisam ser feitas, que a viagem é longa, que a saudade é grande e que peloamordedeus tenho tanta coisa pra fazer do casório. Oh céus..

domingo, 15 de março de 2009

Pêsames

Brendon, o nerd de plantão me mandou uma msg ontem que quase me matou do coração: disse que o dano talvez seja irreparável, pq aquela peça faz parte da placa-mãe. Sempre que ouço a palavra "placa-mãe" tenho arrepios na espinha, como se ouvisse Voldemort. É o terror do proprietário de computador ouvir que tem alguma coisa errada com a sua placa-mãe. Deixa a mãe de lado, por favor!!!

O que aconteceu foi o seguinte: sabe o plug que liga a fonte de energia no laptop? Sabe o buraquinho onde ele liga? Já olhou dentro dele? Tem um palitinho metálico que encaixa no buraquinho do plug. Semana passada, sem aviso, o palitinho saiu junto com o plug. Agora o negócio não liga e não carrega, pq não dá contato de energia. Na placa-mãe. Brrr..

Vou ter que procurar um técnico em gambiarra na Sta Efigênia.

H2Ohhhhhhhh

Passamos nosso último fds kiwi na companhia perfeita do Sandro, Helen, Lara, Juliano e Tati.
Sábado fomos resolver múltiplos assuntos em Chch: o Ju está com dor de dente, fomos no dentista com ele ($2500 por um tratamento de canal. Tá bom pra vc?), fomos no supershed = mega-lixão com todo mundo, passeamos no centro um pouquinho, os meninos foram buscar uma camiseta do Crusaders que o Rô comprou via trademe e eu fui com as meninas buscar meu vestido de noiva. ( Tá tããão lindo...)
Sobre esse asunto, acho que mulheres têm visão de raio-X, ou eu estava com um sinal na testa e não sabia. Todas que cruzavam comigo enquanto carregava aquele vestidão pela rua, mesmo dentro da capa, sorriam pra mim! Teve uma que me parou e perguntou se era mesmo um vestido de noiva e me deu parabéns!!
Mais tarde, fomos pra casa da Helen em Methven e dormimos lá a pedido da Lara (ela tem 8 anos e é irrecusável!). Domingão, o dia estava lindo, decidimos ir ver o que era que o Oséias tanto falava de uma tal piscina em Chch. Encontramos ele e outro casal de brasileiros (Antônio e Chiara, super legais) e fomos para o Q.E. II Stadium, a tal piscina fazia parte do complexo.

Se vc está imaginando a piscina pública de Águas de São Pedro, verde feia e lotada, think again. Era um parque aquático e custava só $5 dólares pra entrar, mais nada. Vc pode entrar e não nadar (free) e tb pode entrar e ir nos tobogãs por um adicional de $11. Vamos aos detalhes:

4 tobogãs fechados, de velocidades diferentes e um que dava pra descer de bóia. Uma piscina olímpica com raias, uma piscina de salto, com 5 alturas de trampolim, do mais baixinho ao mais sem-noção. 2 spa pools (banheiras de hidromassagem) uma para adultos uma pra crianças, 1 piscina grande pra gente pequena, sauna úmida e seca, 1 piscina grande com ondas e a última, com correnteza. Sim, correnteza: vc se larga e vai rodando em volta de outras piscininhas com correntezas diferentes (uma ficava rodando que nem água na privada, outra borbulhando que nem água de macarrão). Vestiários grandes e limpos, armários pagos com moedinhas, um café, estacionamento gigantesco, uma lojinha, tudo limpo, novinho, organizado. Viramos fãs e voltaremos com certeza! Ah, e para as meninas que estão querendo saber, sim, os salva-vidas eram bonitinhos. Não que eu tenha olhado, imagina, vou me casar, mas me contaram...hi hi

Tudo isso dentro de um ambiente lindo, nada daqueles azulejos estéreis: as paredes eram pintadas como ruínas com céu azul, colunas de pedras, piso anti-derrapante em tudo, escadinhas, prainha pra entrar na piscina de ondas, lugares pra descansar dentro da água, sinalização e um imenso navio pirata no meio da piscina, com escorregadores. Fantástico!!

Ficamos lá o dia todo, dando risada que nem um bando de crianças grandes e depois, pra melhorar um dia que já estava excelente, fomos comer pizza, com direito à sobremesa.
Já estou sentindo saudade de Chch.

Segundo a contagem do Rô, faltam 2 dias (pq hj já não conta mais, e a véspera tb não conta pq é a véspera).

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sobre o Pacífico

A essa hora, daqui 7 dias, estaremos sobrevoando o Pacífico a caminho de casa.

7 dias. Não é nada. É um espirro, uma piscada. Um ano é só o tempo de levantar e abaixar a cabeça, dormir e acordar. Cadê ? Foi indaontem que eu tava me despedindo da minha bolsa verde grande e chorando no ombro do meu pai no meio da rua.

Uma semana, a ansiedade está aumentando em progressão geométrica a cada hora que passa.

Eu tenho certeza absoluta que vou esquecer presentes, roupas que amo, produtos de beleza e por pouco não vou deixar um braço ou um dedão do pé. Mas estamos decididos a levar somente as malas que trouxemos. Oh god, haja estratégia.

Uma semana, depois eu sumo desse blog por 47 dias. Aí vcs vão encontrar a gente por telefone, ligação local, passe em casa, ou no outro site, o do casório.

Ai céus.....quase consigo sentir as bolinhas do guaraná fazendo cócegas no meu nariz.

terça-feira, 10 de março de 2009

Old habits die hard

Eu sou viciada em tv. Confesso. Em seriados. Já comentei aqui do meu problema com o House, que agora acompanho em tempo real com os capítulos inéditos nos Eua, mas existem muitas outras séries que não consigo largar.

One tree hill, Gossip Girl, Grey's Anatomy, Private Practice, ER, Friends, Samantha Who, Sex and the City, Chuck, Two and a half Men, etc.

E Gilmore Girls.


Pode perguntar por meu pai. Eu assistia 2 ou 3 vezes ao dia o mesmo episódio. Eu já assisti todas as temporadas umas 8 vezes cada uma e chorei qdo acabou. Manjo tudo e rio e choro e sofro como se elas fossem minhas amigas de infância. Sou igualmente apaixonada pelos meninos da série, Jess Dean Max Luke Logan Christopher. Já faz um ano que não assistia e toda vez que passava na loja e via as caixas de temporadas, ficava suspirando pq queria todas.

Até que o grande deus da programação televisístiva resolveu atender minhas preces. De maneira totalmente acidental, descobri que segunda feira ia passar um episódio. Montei minha barraca na frente do tubo e desliguei o mundo exterior, enquanto assistia o capítulo piloto, cheia de expectativas. E na terça passou o outro, e o outro e o outro. Nessa altura já viciei de novo e levei mais uma comigo: a Tati já baixou 10 episódios da primeira temporada e está aqui atrás de mim, tentando me alcançar no cap. 08 pra gente começar a ver juntas.

Amo Gilmore Girls.

P.S. Sincronicidade: no mesmo dia que começou a passar na tv, antes eu escrevi lá na minha lista de desejos do site de casamento que eu queria ganhar todas as temporadas! E outra: ontem fomos levar o laptop pro conserto (de novo - problema na fonte) e o nerd tinha mudado de endereço. Sabe qual a nova rua dele??? Gilmore Place. Juro.

sábado, 7 de março de 2009

Dia internacional da Mulher

Uhu! Parabéns pra mulherada!!!

Vou aproveitar a deixa pra falar um pouco sobre o universo feminino da NZ, que eu achei bastante peculiar.

A NZ foi um dos primeiros países do mundo em termos de reconhecimento da importância da mulher no mercado de trabalho e na política. Quando eu cheguei aqui, ano passado, a Primeira Ministra era Helen Clarke (feia de dar dó, coitada), que vou substituída na eleição em novembro. Existem partidos que fazem questão que seus representantes principais sejam mulheres e praticamente não há distinção de sexo nessa área.

Segundo o anúncio de vibrador (yep!) que vi ontem em Ch, existem 35mil mais mulheres do que homens na cidade. Nas fazendas, a mulherada pega pesado mesmo, sem dó em piedade, carregando bezerros e semelhantes, se sujando de lama e semelhantes, "iguar que nem" homem.

Acho que por causa da igualdade, não há menção de sexualidade ou sensualidade. Não há "popozudas", mocinhas, meninas meninas. O universo adolescente segue os modelos britânicos de violência, bullying e estranhamento, mesmo entre meninas. Existem as meninas kiwis, loiras, e as maoris, morenas e grandes. E brigam mesmo! A moda é estranha, com uma distinção clara entre meninas e senhoras, deixando as mulheres do meio sofrendo. As roupas de meninas são cor de rosa, e as de senhoras, pretas. E essas últimas, sempre confortáveis, largas, lisas. Dificilmente vejo estampas ou uma modelagem mais ousada. As blusinhas, mesmo regatinhas, são compridas e as calça tem cintura média, nada de cofrinho. Os biquínis, já comentei, são horríveis, com regatas ao invés de bustiês e as calcinhas tem bundões horrorosos. Os sutiãs porém, são lindos mesmo em tamanhos grandes.

Existem salões de cabeleireiro, de manicures e de estética. Não tem essa de fazer funilaria completa no mesmo lugar. E tudo que envolve beleza é bem carinho, por isso, os corredores de cuidado pessoal do supermercado é gigante e vende todos os tipos de creme e afins. Como em tudo nesse país, é Do It Yourself. Se vire pra ficar manicurada e depilada. Unhas postiças e cabelos bicolores são bem normais, e meninas saindo de casa com oitenta peças de roupa tb é normal (meia calça colorida listrada, shortinho, polaina, regatinha, sutiã aparecendo, blusinha, camisa, jaqueta, cachecol, gorro e luvas) e os sapatos são horrendos, old ladies shoes. Nadica de nada de bico fino. Só sapatilhas rasteiras, chinelinhos, botas sem salto e mary-janes de escola, pretos e pesados.

Os cabelos são..bem...loiros! E bem ralinhos. por isso, ver longas cabeleiras soltas é bem raro, as mulheres costumam usá-lo curtinho e moderno.Depois dos 30 anos, deve ser lei, pq nunca vi nenhuma de cabelo comprido. As maoris que tem cabelo longo e moreno, está sempre preso.

O veneno de escolha da mulherada é o vinho branco, bebido sem moderação e levado para todas as reuniões. Aqui vale o Byob, que é " leve sua bebida pra passear" e elas bebem que nem macho.

As senhoras mais velhinhas ainda saem e trabalham em cafés, supermercados e caixas de banco, e de vez em qdo a gente topa com umas múmias de 327 anos e se assusta, mas a maioria é tão simpática.

Não há cumplicidade e intimidade entre as mulheres. Elas dominam o mundo por aqui, mas é estranho.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Pequenas recompensas

Hoje de manha fomos na nossa velha conhecida Imigração em Chch, tirar o Visa que combina com o nosso Permit. É assim: o permit permite que vc trabalha, o visa visa vc sair e voltar para o país sem a necessidade de ter uma passagem de saída ou mto dinheiro na mão. Entao fomos lá. Odeio ir na imigração. Odeio mesmo. Eu era nerd, tenho problemas com autoridades. Morro de medo, mesmo tendo 100% de certeza que não fiz nada errado, que a gente nunca tem né?

O processo é o seguinte: vc chega lá cedo e se apresenta no balcão, a moça te dá uma senha e vc fica aguardando ansiosamente seu número aparecer na telinha e a mocinha lá de dentro liberar a porta de vidro. Eu estou sendo injusta, porque o pessoal do balcão e as moças lá de dentro são bem legais. Tem um bonitinho que já é conhecido da mulherada e tem a canadense que tem uma irmã com um namorado que é chileno e hj conhecemos a velhinha inglesa vesga com um olho no peixe outro no gato. Esse pessoal resolve os problemas e até cai nas mentirinhas que a gente conta de vez em quando. Mas mesmo assim fico horrivelmente tensa. Odeio.

Mas como nem tudo está perdido, a vida nos dá algumas oportunidades de ouro de melhorar a situação. Como por exemplo, o show de mágica cômica que estava tendo na praça quando saimos e a banda da polícia ensaiando com mil gaitas de fole e a lembrança que sábado que vem estará tendo a exposição de flores e vou poder ir ver. E a maravilhosa descoberta do Santo Graal da gastronomia paulista: o pão francês. Sim, hoje comemos pãozinho, com manteiga queijo e presunto. Aqui se chama shell roll.

Compramos umas lembrancinhas faltantes e voltamos pra casa exaustos e felizes!

Hj faltam exatamente 14 dias para voltarmos.

domingo, 1 de março de 2009

Contagem regressiva

Março chegou e hoje já é dia 2!
Isso significa que, mais do que nos últimos 11 meses, minha cabeça está quase pra fora da Nova Zelândia, mergulhada no Oceano Pacífico, lutando contra os tubarões pra voltar pra casa.

Voltar pra casa. Voltar pra casa. Voltar pra casa.

É estranho dizer isso. É estranho porque aqui já é minha casa. Apesar dos pesares, apesar de não estar trabalhando, de morar no meio do nada, de ser obrigada a dirigir, de tudo. Já não há mais estranhamento, a sensação da novidade, o filtro nos olhos ao entrar nas cidades e lojas que já são velhas conhecidas. Ao andar nas ruas, o som é familiar, os nomes, as gírias, o gosto da comida, os horários, a delicadeza, a programação da tv.

Agora o coração se divide entre a saudade acumulada de lá e a saudade antecipada de cá. Contamos os minutos pra chegar no aeroporto e tomar um Guaraná, mas também sentiremos falta da L&P e dos refrigerantes radioativos. Não conseguiremos comer um quarteirão com queijo sem pensar no quarterpounder e no the boss. Fico pensando se pediremos "half-a-kg of the kiwi shaved, please", ao invés de pedir duzentas de presunto sadia e se agradeceremos thanks cheers.

Se ainda saberemos pegar um ônibus e o metrô, carregar o bilhete único, se o trânsito fará sentido, se precisaremos de aquecedores elétricos, a gás, lareira, a óleo. Se procuraremos o lixão pra levar o lixo reciclável, o pine-o-clean pra limpar o balcão, o surf pra lavar a roupa e o mortein pra matar as malditas moscas.

E ao pensar nisso tudo, pensamos nas mães, pais, amigos e amigas que nos viram partir e que estarão lá quando chegarmos. Nos abraços conhecidos, guardados durante o ano todo, abraços de natal, aniversário, feliz ano novo, bebês recém-nascidos. No cheiro de feira e pastel, de 25 de março, de cera de chão e lustra-móveis, de óleo de banho e espuma de barbear.

Nos presentes que compramos aqui, somente lembrancinhas escolhidas a dedo, nas malas que me enlouquecem, na tensão do aeroporto, 16h de vôo, linha de mudança de data, viagem sempre clara, ir depois e chegar antes.

Voltar pra casa. Voltar pra casa. Voltar pra casa.

Casa é onde mora o coração.