sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fotômetro

"No Vale Encantado quem sorri, pega o céu com a mão"

Lembrei desse versinho esses dias, enquanto voltávamos pra casa, eu e Dai, e a Lua (com L maiúsculo mesmo) nascia laranja no canto, saindo de trás do morro e ficaram as duas embasbacadas, babando com aquela cor, aquela imensidão logo ali, cor de fogo, me fazendo achar que a nave-mãe estava vindo me pegar ou que as árvores ardiam sem queimar.
E nesse estado de graça chegamos à mútua conclusão que não ia adiantar tirar foto, pq a máquina não capta o que os nossos olhos estavam vendo. Que é necessário conhecer a Lua, o laranja e a graça pra poder ver. É preciso lembrar de uma noite, quando eu voltava do tatuapé com meus pais depois de um dia de brincadeiras e risadas com a Mariana e a Roberta e miojo e vi a mesma lua laranja-amarela, gigante, espantosa.
As câmeras não pegam a luz que vem do sol ao nascer, lá pelas 7h30 da madrugada e tinge o branco-puro da neve nas montanhas do cor-de-rosa mais perfeito, aquele que eu quero colocar numa caixinha e pedir pra minha mãe fazer um vestido de chita, daquela cor exatamente.
Ou a muralha branca da neblina quando a gente faz a curva e as nuvens estão ali, abraçando o carro e parecendo na verdade que o mundo acabou em barranco.

E o brilho daquela mesma lua, agora já azul, iluminando as montanhas e fazendo o recorte branco aparecer na noite escura pontilhada de estrelas, incomodando os olhos, refletindo o gelo no asfalto, parecendo que essa rua é minha mesmo e eu mandei ladrilhar de pedrinhas de brilhante.

Isso tudo não aparece nas fotos mas a gente vê todo dia.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mostra a tua cara


Porque nós ficamos 30 minutos em solo brasileiro dia 21 de junho.
E saudade é uma droga. Da qual eu facilmente me recuperaria.

A gente aprendeu a ver o Jornal Nacional pela internet, mas nada nada nada, nem chokito pelo correio, nem a novela das oito diminui a falta que faz a família.




Immigration services

Só pra avisar que aplicamos para um visto novo semana passada. Torçam junto conosco. Mais dois aninhos pofavô pq a papelada é chatíssima pra ter que fazer de novo ano que vem.
Devemos receber a resposta em até um mês.

Winter wonderland

O inverno chegou e se fez especialmente confortável aqui na NZ.
O vidro do carro congela a partir das 18h, o gelo nas estradas torna dirigir ainda mais perigoso, o laguinho do campo de golfe congelou e vai permanecer congelado por algumas semanas, até o sol resolver aumentar o raio do seu curso diário e sair de trás das árvores.
A gente congela só de pensar em sair de casa, as vacas comem grama congelada, o nariz congela também e aparentemente eu sou uma aberração da natureza pq não curto esquiar. Já nevou algumas vezes, mas ultimamente os dias são lindos, ensolarados e curtíssimos.
Os bezerros vão começar a nascer logo, as ovelhinhas também e se tudo der certo, as moscas não.
Os meninos saíram pra caçar com o Richard, que é kiwi até os ossos, e mataram um veado cuja costela se encontra no meu freezer e galhada na casa do Teta.

É nessa época do ano que as fazendas têm suas reviravoltas de funcionários e aqui foi o seguinte: o indiano Só-Um/Juswant foi se embora pra Pasárgada e voltou a Lisa. Ela morava aqui em casa quando chegamos e depois foi fazer um curso de esteticista. Voltou agora pra tomar conta dos bezerros. Junto com ela, todo o equipamento de beleza comprado. Agora tenho uma esteticista in-house! Yey me!

As escolas estão de férias e o hotel está cheio. A lareira fica ligada o dia inteiro e o combustível da nação é chocolate quente.

Gorros, cachecóis, jaquetas, meias, cobertor elétrico, aquecedor no banheiro, conforto, preguiça, roupa no varal que não seca, comida comida comida. Chocolate hummmmmm

Nesse país onde as estações do ano e suas obrigações dentro dela são bem definidas, o inverno é a época de beber mulled wine e reclamar do frio.