domingo, 23 de outubro de 2011

Rugby

Vamos relembrar quem está escrevendo:

Olhando assim, vc nunca imaginaria que eu gosto de rugby, joguinho calmo, tranquilo e pacífico:

E eu juro que não é (só) por causa disso:
 (Perdoa meu Pai do céu, pq o maridão já desistiu)

Se bem que as camisetas justas e que às vezes rasgam em campo - vide Sonny Bill Williams - ajudam bastante a audiência feminina a permanecer colada na tela durante os 80min de jogo.

O que eu quero contar hj é que ontem à noite, enquanto o maridão dormia, eu estava sentada no sofá. Sentada é modo de dizer, pq não consegui ficar só um segundo parada: dava nó nas pernas, nó nas mãos, mordia a mão, levantava, agachava, ajoelhava, rezava, resmungava, e no final, dançava Ilariê com o cachorro. Juro por Deus.

Eu acompanhei a copa, assisti todos os jogos do All Blacks, torci e fiquei irritada, brava mesmo, quando ouvi brasileiro por aqui torcendo contra. 
Porque não tem como torcer contra os moços de preto. Eles são a epítome, a soma do sentimento de uma nação que acorda cedo no sábado pra levar os filhos pro treino. Eles não têm salários milionários, não tem 19 anos e cabelo estranho, não fazem filhos com moças de reputação questionável. 
Eles são leais. Dedicados à camisa preta e aos 4 milhões de pessoas que a vestem. Não trocam de time a cada 5min e não agem como se o sol nascesse nos seus umbigos. 

Pense você que um dos jogadores estrelas do time, Dan Carter, first-five (ele é o carinha que chuta todas as bolas no gol), o Ronaldinho do rugby kiwi, se machucou uma semana antes do primeiro jogo e foi cortado da seleção.Convocaram Cruden, que tb se machucou ontem e Donald, que uma semana antes disso tudo tava pescando na beira do rio e ontem fez o gol que ganhou a partida. Uma semana antes. Dan Carter está nesse momento desfilando com o time vencedor.

E eles ganharam assim mesmo. Porque todo jogador que veste a camisa preta sabe o que se espera dele. Se espera todo o espírito e a força que ele têm pra dar e ele sabe que faz
parte de uma coisa muito especial. Desapontar a torcida, essa que agorinha mesmo, está na rua comemorando, não é opção, o jogo não é negócio, é coração. Não existe falta de entrosamento da equipe, não existe estrelismo, não existe pseudo-celebridade, carro importado, drogas, pseudo-superioridade.
Existe só o esporte.
Rugby é um jogo de contato e eu me espanto, porque com tanta adrenalina e tanta força, não existe violência. Duas coisas totalmente diferentes, venho a aprender. É um jogo cheio de emoção, tática e respeito pelo adversário e pelo juiz, autoridade máxima em campo. Esses jogadores aqui são atletas,são bons moços, são os melhores do mundo.

Levar a bola até o outro lado do campo. Fácil em teoria, difícil no gramado, com 15 trogloditas bem treinados vindo na sua direção. Fazer um gol entre dois postes gigantes e bem separados. Fácil se vc é Piri Weepu e conquistou o mundo quando ganhou o jogo contra a Argentina. Ficar embaixo de 15 trogloditas tentando arrancar a bola da sua mão. Fácil se vc é Nonu e tem as chuteiras mais brilhantes do time. Correr como um condenado, fugindo dos trogloditas previamente mencionados. Fácil se vc é Corey Jane, Aaron Cruden ou Corey Smith. 

Levar o time à vitória. Levantar a taça. Sorrir tímido depois disso tudo.
Fácil se vc é Richie McCaw e tem um país inteiro do seu lado.
Eu estou vendo agora, agorinha mesmo, na tevê, a diferença principal entre o rugby da NZ e o futebol do Brasil. Aqui, quem ganha e perde são os All Blacks e o povo. No futebol, são os jogadores e seus salários e os técnicos. O povo é espectador.
Aqui o povo está dentro do estádio e divide com o time a emoção, porque eles são "os nossos meninos".

 We are forever Backing Black. You did us proud, boys.





P.S. A última vitória da seleção kiwi numa copa do mundo foi em 1987.
O placar do jogo All Blacks X France foi 8 - 7. One point is all it takes to win.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Pepsi


Pepsi. Nós estávamos procurando um puppy já a algum tempo, um que pudéssemos adotar e que fosse de tamanho razoável, não necessariamente de raça e que não tentasse comer o gato.
No domingo à noite vimos o anúncio da ninhada, sobreviventes de um aftershock forte em Kaiapoi, quase sacrificados porque a vida não está fácil pra quem mora lá, uma ruína pós terremoto. Na terça, depois de emails cheios de perguntas de uma mãe de primeira viagem, conseguimos o último filhote, pretinho, que mal aparecia nas fotos. Depois de anunciar ao mundo - ao meu mundinho, pelo menos, e fazer mais umas oitocentas perguntas a todos os donos de cachorro que eu conheço, fomos buscá-lo na sexta feira de manhã, munidos de um rolo de carne pra mãe oficial e de uma caixa de bomboms para os donos.


E levamos pra casa essa criaturinha que vc vê na primeira foto, 8kg e 3 meses, que deitou no carro e aprendeu rápido que nós não vamos nunca abandoná-lo. Não repare na coleira, porque essa mãe aqui demorou mais de mês pra perceber que tinha colocado errado e aquele negócio não fica pendurado.

Armados de todos os mimos, brinquedos, ossinhos e uma boa porção de pesquisas na internet, ele foi treinado e educado na arte de mastigar havaianas. Depois de arruinar só as minhas, ele desistiu e seguiu em frente tentando mastigar o pé da cama. Ainda está tentando.
 Ele frequentou puppy pre-school e socializou com mtos cachorros lá. Ele têm play-dates com o Tui e a Jennie, com o Rex, a Lilly e a Lara e com todos os cachorros que também passeiam pela rua em Methven.

Ele é medroso e já descobriu que segurança é embaixo das pernas da mãe. Ele já passeia sem coleira e volta sempre que chamo, sem exceções. Ele pula nas visitas e reclama quando eu entro nas lojas, mas logo se senta e sossega. Vai junto sempre, como uma bolsa preta e peluda. O carro é seu reinado.
Ele está grande já e precisa ser castrado, mas uma de suas bolinhas ainda não desceu. Ele me arrasta qdo está na coleira e pede pra sair pra resolver seus problemas no gramado. Educadíssimo, não tem mais acidentes em casa ou no carro. Não late muito, mas avisa quando tem gente chegando perto. Late e bufa, grave, como cachorro grande. Enche a paciência do gato e deus me perdoe se o gato resolver vir sentar do meu lado, porque ele não deixa. É ciumento mesmo. Curte uma bola e bichinhos de pelúcia. Destrói os pobrezinhos como se fossem de papel, já perdi a conta de qtos foram destripados. Dorme na nossa cama sim, porque sim. Mas não a noite toda, porque a cama está ficando pequena pros três e ele se incomoda, vai pro chão sozinho.
Pepsi. Supostamente uma mistura de english springer spaniel e terrier, mas sejamos honestos, vira-lata mesmo e com orgulho. Rock star de Methven, Darfield e Ashburton, com essa barba e as patas grandes e peludas e os olhinhos expressivos, quando ele vira a cabeça e pergunta "Hã?", e ninguém resiste, e me param e perguntam, que raça que é, qtos anos tem e meu deus do céu, olha o tamanho dessas patas, ele vai ficar gigante! e o pelo preto brilhante, asas da graúna, o moicano que aparece qdo está bravo, apreensivo ou com medo mesmo, do pescoço ao rabo. Senta, deita, engatinha, toca o nariz e vem quando é chamado e quando não é também, tipo sombra. Fica é o comando mais impossível, não fica, pula ou segue, tipo sombra.

Pepsi. Porque quando não tem Coca-cola no supermercado, preta e vermelha, a gente compra Pepsi, preta e vermelha também. Porque a gente quer poder produzir um bebê logo, mas por enquanto a gente se contenta com Pepsi.