terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Culpa e responsabilidade

Acordei hoje e encontrei no Facebook uma avalanche de fotos e protestos e reclamações sobre a depredação do Aeroporto de Cumbica feita pela Gaviões da Fiel durante a despedida do Corinthians rumo ao Japão.

A notícia está aqui ó: notícia

E aí eu passei a manhã inteira remoendo esse assunto, matutando, pensando, até que não aguentei mais e tive que vir aqui escrever, então perdão se eu digressar um pouco, mas pensei bastante e tenho muito o que dizer sobre esse assunto do qual particulamente não sou fã.

Fã. Fanático. Hum.

Eu nunca fui fã, nunca fui torcedora e sinceramente, até hoje tenho dificuldade em entender a regra do impedimento, apesar das muitas tentativas do pai corintiano. Porém contudo todavia, entendo perfeitamente o torcedor e a relação dele com o time. Só que no meu vocabulário tem outro nome. Se chama "religião". E como qualquer religião, tem quem siga, tem quem goste, tem quem nem ligue e tem o fanático. Você torce/ reza/exorciza os demônios, você presta atenção na missa/jogo/culto, você dá seu rico dinheirinho pra comprar banco pra igreja/entrada do estádio/carro novo pro pastor, você espera que um poder superior ouça suas preces/coloque a bola na rede/corte seu cabelo, mas na verdade você tem ZERO controle sobre o resultado. Na alegria ou na tristeza.

ZERO. E é essa "questã" que me deixa bastante irritada. Na religião, você reza pra um poder superior que é invisível e tem fé que o Invisível vai fazer alguma coisa pra você não passar fome, mas racionalmente sabe que no final das contas, quem vai na padaria buscar o pão é você e o dinheiro pra pagar o pão saiu do seu bolso. Total controle sobre o resultado, certo? Você poderia, inclusive, comprar um pão doce de chocolate com banana e ser feliz, que ninguém iria te impedir.

No futebol (e no esporte em geral), além de rezar e/ou torcer, você aí, sentadinho na frente da tv, não tem nenhum controle. Sinto lhe informar, mas a sua meia fedida que não é trocada desde 1984 porque dá sorte, não dá sorte coisa nenhuma. Quem tem sorte não é você, nem o time. É o jogador, o milionário que está lá TRABALHANDO, correndo que nem um tonto com uma bola no pé. É só deles a culpa e a responsabilidade pelo resultado do jogo. O salário milionário que você aí, da meia fedida, direta ou indiretamente está pagando.

Repito, ele está lá trabalhando. Esse é o emprego dele. Não é vocação dos padres, não é dedicação de professor, não é amor à camisa (pfff...), é amor ao dinheiro que paga as contas dele. Se ele é bom e se ele é feliz, ponto pra ele, só pra ele. Por algum acaso vc faz torcida pro carinha de TI quando ele vem consertar seu computador? Ou chora quando a moça da padaria sai da padaria pra trabalhar na farmácia? O milionário do carrão, o seu bezerro de ouro, não está fazendo mais do que a obrigação contratual dele, como eu, você e o cobrador do ônibus. Largue a mão de ser tonto você também e vai cultuar o carinha do TI que você ganha mais.

O meu ponto é: se os jogadores - e o clube - tem a responsabilidade de ganhar ou perder e se o torcedor é o bem mais importante do time segundo eles próprios, por que até hoje a lei não colocou em cima dos clubes a responsabilidade de mudar essa mentalidade neandertal de "quebrar tudo na alegria ou na tristeza" ?

QUEBROU, PAGOU. Se alguém tem dinheiro aí no Brasil, são os grandes times de futebol, as torcidas organizadas e a CBF, certo? Tem que ser lei, tem que ser praticada e tem que ser todo dia e toda cadeira do estádio e todo papelzinho de bala no chão. Nao dá pra eles quererem lotar o estádio ou fazer um acordo trilhardário de publicidade e depois tirar o bundão da reta e falar que o "torcedor não é minha responsabilidade". É sua responsabilidade sim, dentro e fora do estádio, enquanto o energúmeno está torcendo e falando em nome do time, com ou sem camiseta. Por que o medo de botar a culpa no bois certos?

E se a língua que todo mundo entende é a lingua do bolso, por que não mostrar pro energúmeno torcedor que, se ele não sabe controlar a sua frustração de não ter controle sobre o resultado do time, se ele não sabe controlar o instinto primal de quebrar o caminhãozinho do colega no parquinho, se ele quer bater no cidadão por causa da cor da camisa, se ele é grandinho o suficiente pra sair de casa sem fralda mas quer quebrar a estação de metrô que ele usa por que o time perdeu ou ganhou (haja terapia no mundo pra ensinar a lidar com as emoções..), ele vai ter que pagar.


Deve-se criar uma campanha clara e popular, financiada pela CBF com apoio e incentivo das torcidas, com os bezerros de ouro jogadores explicando, em português claro e chulo se necessário, que pra cada cadeira, cada cone, cada extintor de incêndio novo que a CBF tiver que pagar, o preço do ingresso vai subir. O preço da mensalidade da torcida organizada vai subir. O preço da camiseta oficial vai subir.O preço do metrô vai subir. O preço do cachorro quente na porta do estádio vai subir. E que a culpa, meu amigo, é SUA. É do torcedor, da massa anônima e sem rosto. Não me importa que você, da meia fedida, não fez nada, estava em casa comendo o que sobrou do pernil do almoço e coçando a picada de pernilongo na perna. Pode reclamar à vontade.

Da próxima vez, alguém vai denunciar o cretino que começou a briga, que pegou o tijolo, que xingou a mãe alheia. Por que está mexendo no meu bolso, no seu bolso, no presente de Natal do netinho que mal e mal tá dando pra parcelar.

Ou da próxima vez, ao invés de xingar o outro no facebook ou pela janela, você não vai falar nada, pq eu Maria Fernanda, não estava dentro do campo correndo que nem tonta atrás da bola, logo, eu Maria Fernanda, tenho ZERO controle sobre o que aconteceu, com ou sem meia fedida.

Coragem, o Brasil precisa de coragem, de clareza, de transparência e de responsabilidade. E aprender a lidar com as frustrações da vida.


P.S. Esse assunto me deixou tão nervosa e com tanto a dizer que tive até que optar por não dizer o quanto um país pode aprender do esporte. E como pode ser diferente sim, sem violência, mesmo que o esporte em campo seja o mais físico possível. Como o rugby.





segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A falta que faz...

um lazarento.
Em todo o meu conhecimento da língua inglesa, não há nenhuma palavra que possa substituir satisfatoriamente o "lazarento".
Tem umas que servem, é mais ou menos igual, você me diz. Mais ou menos igual, é assim que a gente se acostuma com a vida.

"Saudade" é mais ou menos igual a "I miss you heaps". "Criatura!!" é mais ou menos igual a "Man!" ou literalmente "creature", mas não tem a mesma força expletiva. "Minhanossasenhoradochuveiroelétrico", demoraria mais pra explicar o contexto do que pra achar uma expressão mais ou menos igual. Como traduzir a "fartura" da geladeira?? O português é mais emocional, mais expletivo, mais rico e criativo, o inglês é preciso, simples, fácil de ser reduzido e comido pelas novas gerações, poucas palavras significam tantas coisas que eu me pego perguntando se eles tiveram preguiça de inventar mais substantivos e resolveram se virar com essa meia dúzia mesmo.

Em compensação, a recíproca é também verdadeira e apesar de todo o lirismo do português, uma ou outra palavra faz falta. "To yearn", verbo que significa desejar profundamente, é muito mais profundo, muito mais intenso que "desejar" ou "querer". É um desejo que vem de vidas anteriores, dos recônditos da alma, de amores perdidos.

Li um artigo uma vez que dizia que a nossa língua principal dita a maneira como vemos o mundo mais profundamente do que imaginamos, por exemplo, se "cadeira" é um substantivo feminino, tendemos a ver a cadeira como um objeto "menina" e utilizamos adjetivos que reservaríamos a mulheres.

A minha mente é uma confusão infinita de inglês e português e eu me preocupo com a minha geração, que já é bilíngue desde o útero, como vemos o mundo, como nossos filhos verão o mundo. Seremos capazes de utilizar duas línguas para suprir buracos em cada uma, buscar no inglês o que falta no português e vice versa? Que língua falará o mundo em duas ou três gerações? Se pai e mãe falam português, mas a criança nasceu na NZ,  qual é sua língua materna? Qual o método de ensino dessa criança? Por que "sale" é mais bonito que "promoção" na vitrine? Quem disse? Por que o teclado do meu computador involuntariamente volta pro inglês se eu insisto em usar cedilhas??

Enfim, eu me preocupo com essas questões de ordem mundial, mas no fundo no fundo, sei que pra lazarento, não há tradução. De vez em quando faz falta um lazarento.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

Dia dos namorados


Ontem foi dia dos namorados ai no Brasil e isso tornou a internet um poço sem fim de slides melosos, logo, eu fui subliminarmente induzida a escrever esse post. (OBS: caso vc tenha reparado na existência de acentos e cedilhas, eu peguei meu laptop de volta e estou feliz da vida. Obrigada Darryn de Ashburton!)

Dia 1 de julho nós faremos 7 anos de namoro "corrido". Soma-se a isso mais uns 18 meses separados e 6 meses do namoro inicial, dá uma bela porção de tempo que somos um casal. Nunca fomos um casal mais ou  menos, indeciso, em cima do muro. Tenho a impressão que casamos no banquinho da avenida em Águas de São Pedro numa noite enluarada muitos milênios atrás.

A fase de grandes gestos e declarações de amor passou, assim como passou a insegurança, o ciúmes, a distância.  Nós não lembramos mais quem ganhou o que de presente ou mesmo se ele me deu flores no dia dos namorados, no natal, no aniversario, já passaram tantos que perdemos as contas. Agora contamos em horas o tempo que falta pra sermos mais.

Tanta distância já percorremos, ele no volante, conversando sobre "e se"s da vida. E se eu tivesse desistido de voltar pra Águas? E se ele nunca nem tivesse pensado em cozinhar? E se antigas paixões reaparecessem? Será que a vida se encarregaria de encontrar-nos de novo, lá pra frente, casados, cansados, infelizes?

Não há paixão arrebatadora que dure para sempre, mas há chama que nunca se apaga, de madeira dura, sólida, perfumada, sábia, madeira que contrói esse amor calmo e tranquilo. Seguro.

Eu sei que ele me ama porque quando estou no presa no trabalho ele lembra de gravar The Big Bang Theory e 2 Broke Girls pra que eu assista depois. Quando eu estou comendo aveia de manhã, ele me lembra de tomar um café, senão vou ficar com dor de cabeça. Quando ele se desdobra em oito pra me fazer uma surpresa e comprar um pingente pra minha pulseira, mas a vendedora da loja liga pra confirmar a entrega e ele fica bravo, porque eu atendi o telefone.

Ele sabe que eu o amo, porque faço um sem-fim de consultas médicas e telefonemas pra ter certeza que o dedão do pé dele não vai cair. Porque agora compramos mais vegetais e frutas do que bolachas e chocolates no supermercado. Porque nunca falta roupa limpa e almoço pronto. Porque eu nunca encosto meus pés gelados nele quando entro na cama à noite. Porque eu entendo tudo o que ele diz em conversas totalmente mudas.

Porque no dia dos namorados nós voltamos pra casa e sem muito discutir, concordamos em jantar mistos-quentes e enquanto ele fazia os sanduíches, eu fazia a salada e nos encontramos na coca-cola, como uma dança bem ensaiada, coreografada com risadas e discussões, musicada com uma composição totalmente inédita, uma harmonia milenar, confortável e linda.

Assim eu sei que ele me ama, como eu sei que o amo com tudo o que há dentro do meu coração.

Porque nós nos casamos há milênios atrás, num banquinho da avenida em Águas de São Pedro com a lua como testemunha, mas seremos sempre namorados.

Amo você, meu amor. Muito muito.

sábado, 9 de junho de 2012

As Maes Joanas

Primeiro: Parabens pro meu pai!! Eeehhh!!! UHHUUUU!! Ontem foi aniversario dele e eu espero que ele tenha comemorado bastante e ganhado mtos presentes. Do outro filho, pq essa daqui comeu bola e nao mandou nada =(

Segundo: momento mimimi. Eu quero ir viajar tambem. Ta todo mundo indo. Pq qualquer lugar. Eu tb quero e essa NZ eh mto longe de tudo e as passagens pra Qualquer Lugar sao carissimas. Pros outros lugares tb! *batendo o pe no chao e fazendo bico* ............. Pronto, passou o mimimi.

Ok, vamos ao assunto entao, pq esse post ja ta pra sair faz um tempao e agora estou sendo ate cobrada! =)


Era uma vez uma rede social agora defunta, era uma vez uma moca que estava noiva e planejando seu casamento a distancia, era uma vez muito tempo sobrando, muito frio e uma internet que vinha por um stick sem-vergonha no laptop velhinho.

Foi uma vez uma magica, um acaso, um milagre que colocou essas 18 meninas noivas ou casamenteiras na mesma comunidade, com esse unico misero fio de assunto em comum.


Nao da pra explicar e se vc me perguntar como aconteceu eu vou falar que foi a mao de alguem la de cima que comecou tudo isso, porque eh a unica coisa que faz sentido.

Como essas 16 a 18 mulheres, agora casadas e com filhos, morando em pontos distintos e distantes nao so do Brasil, mas do globo, se encontraram, da primeira vez ainda noivas e de novo na rede social atual, e nao se largaram mais e agora sem sombra de duvida, sao amigas. Mais do que amigas, somos comadres, moramos na mesma vilinha imaginaria, tomamos cafe nas casas alheias, brincamos com os bebes, com os cachorros.Tirando esse pequeno, minimo detalhe, que nunca nos vimos.

(Ok, nunca eh exagero, pq aquelas que moram em SP ja conseguiram fazer encontrinhos e ja ouviram as vozes das outras e ja abracaram e ate atestam que uma certa advogada eh muito da cheirosa.)

Eu aqui, longe de todas e 15h na frente, so consigo ir dormir depois das 22h, quando uma certa doida da bom-dia no fb que nem um relogio cuco e quando eh feriado ou fim de semana, eu fico ate perdida, sem saber que horas sao. Eu pego o bonde andando, a rabeirinha das conversas e o horario de ir dormir de todas, ate da outra Joana internacional, la dos esteites, que foi a pioneira em publicar videos pra gente poder ouvir azamiga ao inves de imaginar a voz e o sotaque.

Na casa, a gente sabe quem ta na rua, quem ta na loja, quem ta passeando, quem ta precisando de uma forca pq foi fazer exames ou esta entregando tese. A gente da palpite na reforma, palpite na janta, palpite na faxina, palpite ate no palpite, se deixar!

Essas 16 mulheres fortes dividem suas vidas, seus pesares, suas alegrias, suas receitas, suas brigas com os maridos, suas dores do parto, suas perdas, doencas, compras, dicas de viagem, sonhos e uma fe inabalavel de que tudo vai dar certo no final, porque nos estamos todas juntas em pensamento, em coracao, criando uma corrente de positivo que vai da NZ pro Maranhao pra SP pra Campinas pra Uchoa city pra Osasco pra Lapa pra Georgia USA pra Santa Barbara D`oeste pra la e pra ca, carregando maos virtuais que apoiam e levantam.

Damos amem para o correio que entrega mimos e agrados, surpresas inesperadas num dia caotico. Nos somos e estamos para apoiar umas as outras, pra dizer que juntas somos melhores, pra espelhar qualidades que nem sabiamos que tinhamos. Para despertar talentos escondidos. Pra curar os males do coracao. Pra celebrar as boas novas.

E como celebramos os bebes da Casa, todas as tias Joanas apertam, beijam, mandam presentes muito reais, amam de longe os sobrinhos conhecidos por fotos. Celebramos os novos bebes, as barrigas, as tentantes e ate as sonhantes.


A casa da Mae Joana eh nossa vila imaginaria, onde visitamos umas as outras e conversamos regularmente sobre tudo, mas de alguma maneira misteriosa, os topicos descambam e invariavelmente alguem vai falar de sobremesa, mesmo que todas estejam, em algum momento esquecido, de regime.

Eu agradeco todas as mulheres da casa que fazem da minha vida um pouco mais leve, mais divertida e mais normal, como se eu nao morasse no fim do mundo.
Eu agradeco a Deus todo dia, pq com elas eu sou melhor.
Amo muito.



P.S. Nao tenho nenhuma foto pra ilustrar esse post. Sorry.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

The Oaks

 Update da situacao computadoristica la de casa: o laptop HP foi pro Brasil pra tentar ser consertado la, na HP se eles forem caridosos ou na Santa Efigenia se tudo falhar. O outro laptop antigo, Acer, que ja havia passado por uma batalha interminavel pra ser consertado dois anos atras, voltou pras trincheiras e passou por outra batalha de Acerloo pra ser consertado de novo com o mesmo problema anterior,  mas dessa vez de graca e com os custos de postagem pra Auckland cobertos por eles, pq pela primeira vez na historia do universo, uma empresa admitiu que estava errada e concedeu o reparo que estava dentro da garantia.

Porem contudo todavia, ele ainda estava meio capenga quando voltou entao esta atualmente passando ferias no nerd de Ashburton pra ver se melhora a velocidade e o som. Oremos.

Estou falando tudo isso para perder leitores primeiramente me desculpar pela falta de acentuacao apropriada, pela demora em postar nesse blog de novo - vide a promessa que eu fiz alguns posts atras - e pra contar de onde eu estou escrevendo nesse momento. 

 The Oaks of Darfield. Eh onde eu trabalho agora. Se vc me tem no facebook, ja ouviu esse nome por la. Fui eu que criei e comando a pagina deles. Eh uma Bed & Breakfast de 3 quartos e um restaurante classico de 30 lugares.
Comecou com um convite da Sheryl. Ela trabalhava comigo no Terrace Downs e saiu de la com esse sonho de abrir uma pousada e restaurante em Darfield, juntamente com o marido Tom e com o ex-chef Stuart, tambem do Terrace Downs. Eles alugaram entao essa propriedade historica, localizada na frente na nova fabrica de leite da regiao - que ainda esta em contrucao e traz muitas pessoas para a area.
 Eles reformaram a casa, a cozinha, escolheram item por item com carinho, construiram cerca, fizeram quase tudo com as proprias maos e muita esperanca. Eu ja era item garantido ha muito tempo, desde a primeira vez que eles mencionaram, eu ja pulei no projeto e pronto, to dentro. Porque eles sao fantasticos em suas habilidades profissionais e porque a gente se da super bem junto, sem stress, com muita conversa e muita risada e muita musica. Ainda bem, porque eu sou toda a equipe: a banda de uma Maria Fernanda so.
 La no final de fevereiro a Sheryl me ligou e falou vem que ta na hora. Ai eu vim. E fiquei, e vou ficar ate eles encherem o saco de mim, porque eu finalmente me toquei (Aleluia terapia) que, independente do que o mundo diz sobre o que deveriamos estar fazendo da vida, nos temos que fazer o que nos faz feliz e o que nos realiza apesar do dinheiro. Eu nao tenho vergonha de dizer que, aos 28 anos eu sou garconete. Porque eu sei que sou muito mais do uma garconete. Eu tenho total envolvimento com o restaurante, tenho autonomia, tenho poder de decisao e de veto. Sou garconete, lava-louca, gerente do restaurante, bartender, cumim, ajudante de cozinha, gerente do departamento de marketing e midias sociais, florista, comentadora de assuntos diarios,  escolhedora de musica ambiente, barista, assistente pessoal, camareira, escritora de cardapio, somellier, fotografa oficial, recepcionista, estoquista, coordenadora de casamentos, salvadora da patria, tecnica de IT, boleadora suprema de manteiga. Eu lavei na mao cada item que esta hoje no restaurante, cada colher, cada taca.
 Descobri a formula magica de ter um negocio do coracao sem ter um tosta. Nunca fui empreendedora e nunca quis ter um negocio so meu, mas aqui eu invisto meu tempo, meu carinho e ate meus trocados, porque em nenhum outro lugar eu poderia ficar de pantufa e calca de moleton o dia todo. E dormir no office - tenho a minha propria cama. E ter acesso irrestrito ao laptop, a cozinha e ao bar. E so trabalhar 3 dias por semana. O lado ruim eh que eh longe da minha casa, entao eu venho e fico aqui no fim de semana, para o imenso desgosto do marido e do cachorro. Hoje, por exemplo, eu fiquei presa por causa da neve e daria meu braco esquerdo pra poder voltar pra casa.
Acho que eu escrevi esse post todo pra dizer que estou profissionalmente feliz e satisfeita, porque sinto que as pessoas me veem so como dona-de-casa. Sou eh sortuda: dona de casa 60%, Super Maria, FB genie de The Oaks of Darfield 40%.  Infelizmente meus colegas de trabalho nao vao ler isso, mas eu sou imensamente feliz aqui. Espero que eles nao cansem de mim tao cedo.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

HP SUCKS!!

Meu laptop novo morreu, do nada, semana passada. 4 semanas depois de vencida a garantia do mesmo. O tamanho da minha raiva pela HP e todos os seus produtos nao pode ser medido em palavras. Eu teria que comecar todo um novo vocabulario e sendo uma moca de familia, uma dama nao fala essas coisas que eu ando pensando.

O que eu queria mesmo era roubar o controle remoto do CEO da Hp e ficar passando na frente da casa dele so pra mudar o canal.

Na impossibilidade geografica disso acontecer, eu divido com vcs o singelo email que mandei, atraves de papis, para a assessoria de imprensa deles e peco que, se alguem tiver conexoes ou for da imprensa e precisa de pauta ou se quiser fazer uma boa acao, divulgue minha "causa"!

Ou simplesmente leia o meu desabafo e partilhe da minha frustracao!

" Prezado senhor,
O email que meu pai mandou anteriormente falha em transmitir toda a minha revolta com a marca Hewllet-Packard e o porque de estarmos buscando a imprensa nessa caso. Veja so: esse laptop foi comprado no final de fevereiro do ano passado. Na epoca, ele era o top de linha da HP e quase o computador mais caro da loja. Foi comprado a vista, baseado na confianca que tinhamos na marca, com a esperanca que um produto tao bom e tao caro durasse tempo suficiente para recuperarmos o investimento feito. Nao sei vc, mas eu nao tenho $3400 todo ano disponivel para trocar de laptop. Meu carro aqui na Nova Zelandia custou $1.800 dois anos atras e ate agora nao deu problema nenhum.
Esse laptop nao e o meu primeiro computador, eu nao nasci ontem e depois de algumas dores de cabeca anteriores, nos aprendemos a licao. Esse laptop funciona perfeitamente, sem lentidao. E usado para texto, facebook, skype. Nunca foi superutilizado, ninguem joga games ou passa horas assistindo videos; eu fazia back-up, limpeza e desfragmentacao regularmente. Desligado toda noite. Eu pago Norton antivirus para evitar problemas e ele nunca detectou nada. Ele mora em cima de um cooler - depois de uma experiencia anterior com super aquecimento da placa mae - 24h por dia. Nunca e usado "no colo", somente em cima da escrivaninha. Nunca caiu, foi batido ou mesmo viajou, alem de ter saido do Brasil. A bateria durava mais de 3h em uso.
Nao existe NENHUMA explicacao plausivel para a falha apresentada. O tecnico me disse, envergonhado, que essas coisas simplesmente acontecem. Eu estava no meio de uma ligacao com a sogra no skype quando o computador escureceu, desligou e nunca mais ligou. Sem sintomas, sem super aquecimento, sem nada. Um computador de 13 meses de idade.
Eu lhe pergunto: qual outra explicacao, alem de ma-fe e mediocridade da HP existe para a falha do meu computador? Porque o tecnico nao encontrou nenhuma. O que ele encontrou foi um preco de $1200 a $2000 para trocar a placa mae e o processador. que tambem deve estar morto, porque normalmente quando a placa mae queima, ela leva junto o processor, mas nao da pra saber ate consertar a placa mae. Voce tem $2000 sobrando pra consertar meu laptop? Aposto que o CEO da HP tem, mas ele deve usar um MacBook. Se eu fosse ele, teria vergonha tambem.
A cereja do sundae e a seguinte: isso tudo ocorreu 4 semanas apos o termino da garantia internacional. 4 semanas. 4 semanas e a HP da Nova Zelandia, atraves do tecnico, me disse que nao ha nada que eles podem fazer, exceto me aconselhar a comprar um laptop novo, porque nao vale a pena consertar.
Voce gostaria de jogar o seu carro no lixo 4 semanas depois de encerrada a garantia? Sua geladeira novinha, linda, aquela que faz gelo na porta e que vc trabalhou que nem um condenado pra pagar? Seu computador? Porque e o que eu vou fazer, visto que nao tenho dinheiro para conserta-lo. Vou jogar fora o dinheiro que estava na minha poupanca mais a ajuda do meu pai. No caminho da lata do lixo eu vou contar para todo mundo que eu encontrar essa historinha e rezar para que nenhum amigo meu compre outro produto da HP. Pros inimigos, vou recomendar a linha toda, pra eles passarem a raiva que eu estou sentindo.
Voce nao imagina o tamanho da minha frustracao e o desapontamento puro que eu estou sentindo em ter comprado um produto HP. Preferia ter comprado um computador frankenstein na Rua Santa Efigenia. Porque uma empresa desse porte paga um funcionario para produzir e vender um produto mediocre? Porque uma empresa de renome se presta a comprar ou produzir pecas sem qualidade?? E depois se esquiva da responsabilidade? Na minha familia, isso se chama falta de carater.
Estou enojada. Enojada e terrivelmente decepcionada com o produto que eu paguei tao caro e que nao vale nada. A HP deve pagar muito bem seus funcionarios, para acreditar que todos podem trocar de laptop todo ano quando acaba a garantia.
Garantia pra mim nao tem prazo de validade. Se voce acredita que produz um produto bom, vai colocar sua mao no fogo por ele ate o fim.
Obrigada por ler este email e entender minha frustracao,
Ponho-me a sua disposicao,
Maria Fernanda T M Macario "
 
Grata pela atencao! =)


terça-feira, 6 de março de 2012

O post mais pessoal de todos.

*Respira fundo. Inhale. Exhale*

Não vai ser fácil.

Depressão. Eu tenho. (tam-tam-taaaaammmm)
Suspeitava e depois de uma conversa com o meu médico e um encaminhamento para uma enfermeira-terapeuta (brief counselling, eles chamam), algumas consultas feitas, agora eu tenho também minha própria cartelinha de fluoxetina, dosagem mínima, por um mês.

(Ok mãe, pai, não adianta me ligar agora que é de madrugada aqui e eu estou dormindo.)

Eu estou melhor. Estou melhorando. Os dias realmente ruins já passaram e os bons vêm com mais frequência.

Eu queria escrever esse post por mim, para ver se "no papel", isso tudo deixa de ser tão tabu, tão assustador, tão grande. Por que não é, não deve ser. É um desequilíbrio químico. Não é um sinal que eu sou infeliz, que minha vida é ruim, que meu marido me bate ou que o cachorro me odeia. Não é culpa dos meus maravilhosos pais, eles fizeram tudo certo.

Não é minha culpa, nem do maridão - o santo, nem do cachorro.
Eu não sou preguiçosa. Não sou chata, esnobe, tímida, muda, burra.

É um desequilíbrio químico: meu cérebro não está conseguindo processar as sinapses felizes e me larga só com as outras. Isso tem acontecido desde maio passado, mais ou menos. Bem devagarinho, começa como saudade, depois uma tristeza inexplicável que não vai embora nunca mais e lá para outubro a sensação era estar na areia movediça até o pescoço, morna, confortável, absolutamente imóvel e imobilizada, sem motivo e sem razão de ser.

Em janeiro, decidi que não dava mais, que eu queria muito rir de novo, então procurei meu médico. Comecei a terapia em fevereiro, uma escada pra sair da areia movediça.

De novo, estou melhorando. Por recomendação médica, converso o máximo possível com minhas amigas. Ainda bem que a Mariana aprendeu a usar Skype, 4 anos depois. Ela, que é minha fonte de conhecimento médico, me tranquilizou e disse que eu não sou louca. As meninas da Casa, lindas desconhecidas, me certificaram que eu não sou a única louca. Minhas amigas kiwis vêm me visitar e não questionam o fato de eu ter passado os últimos 7 meses sem trabalhar. Elas vêm sem agenda e sem julgamento.

Da maneira mais difícil, separei o joio do trigo quando deixei de ter disposição e meios. O joio nunca me perguntou como eu estava ou se eu precisava de ajuda, simplesmente assumiu que eu havia me tornado uma doméstica glorificada, teúda e manteúda, uma chata, um peso morto que não compra mais nada. O trigo simplesmente está, em emails, telefones, abraços virtuais, presentes pelo correio, mensagens, lembranças.

Vamos lá, mais uma vez caso tenha passado batido: estou melhorando. Não vou morrer disso, nem vou me tornar uma doida dependente de remédios. Estou melhorando. Se vc me perguntar, prefiro não falar sobre isso. Prefiro escrever. Por quê? Porque eu choro. Involuntariamente.

Então de novo: estou melhorando. É um pobrema na fiação e eu continuo a mesma pessoa de sempre. Mesmíssima, juro. A razão pela qual eu não falei sobre isso antes era vergonha. Vergonha mesmo. Agora eu não tenho mais vergonha, porque estou cuidando do problema e daqui uns meses, não quero nem lembrar dessa fase. Não quero nunca mais estar assim de novo, vivendo essa meia-vida.


Assunto encerrado. Grata pela atenção.







sábado, 25 de fevereiro de 2012

Da morte e outros problemas

Semana passada, um dos maiores e melhores amigos do meu pai faleceu, após uma breve luta contra essa praga maldita que é o câncer. Eu tinha vários "ângulos" para escrever esse post e até agora não consegui me decidir: sobre como ele tinha quase a mesma idade do meu pai e isso me afeta incrivelmente, isso de lidar com a mortalidade alheia; sobre como a nossa família pequena era extendida aos finais de semana quando íamos para o longíguo Tatuapé e brincávamos sem parar com a Mari e a Roberta, suas duas filhas lindas, que também regulam de idade comigo e com meu irmão; sobre como é insuportavelmente difícil receber uma notícia dessas - por qualquer meio - e não ter como abraçar ninguém nem ajudar meu pai a passar por isso. Sobre como é insuportavelmente difícil receber essas notícias e não poder fazer nada, nadica de nada, a não ser escrever, escrever uma msg de texto, um status update no facebook, um email, um post no blog.

Sobre como o Tio Dé, Edélcio Teixeira, era uma pessoa iluminada e como ele e sua família igualmente iluminada fizeram parte da nosso história.

Da maneira mais egoísta possivel, resolvi escrever, como meu irmão fez, pra Mariana e pra Roberta, porque essa é perspectiva que conheço, a do filho. Pior, a da filha que teme a cada dia receber um telefonema fatídico, um que certamente virá um dia, tão certo como o imposto recolhido, morte e impostos. A certeza indubitável. Para um filho pródigo, distante, o medo de não dizer adeus. O medo da viagem de muitas horas para encontrar uma tristeza infinita.

Mari e Rô, nós nunca estivemos perto, mas participamos, ao longo desses quase 30 anos, das vidas alheias, primeiras comunhões, recitais de dança, os oficiais e os da sala, aniversários importantes, domingos de sol, domingos de chuva, o aprendizado lento da arte de fazer e comer miojo - muita água, pouca água, requeijão, algumas viagens inesquecíveis e ainda agora, casamentos. Nós acompanhamos umas às outras todas as vezes que os pais chegavam em casa, às vezes não tão felizes assim afinal a vida não foi sempre fácil, e diziam que haviam estado com o outro "pai" e a pergunta "Como estão as meninas?" sempre seguia. Algumas fotos de vez em quando. Nossas vidas seguem à distância um paralelo de carinho, amizade e um laço que nunca vai se desfazer, porque o seu pai um dia foi meu pai também, a sua mãe um dia cuidou dos meus dodóis também. Um laço formado por uma amizade muito maior que a nossa, infinda e agora eterna. Hoje eu quero que o meu pai seja seu também, para que vcs nunca deixem de ser abraçadas por uma barba grisalha bigoduda e por uma risada grave, aquela que enche a sala de música.

Digam onde dói e eu limparei suas feridas. Somos irmãs distantes, de pais irmãos. 
O seu pai foi mesmo uma criatura iluminada e fez de nós sortudos um pouco melhores, um pouco mais felizes.

Não consigo colocar aqui o tamanho do sentimento de impotência que tenho, estar longe em horas como essa, e trocaria todas as nova-zelândias do mundo para estar aí. Perdão.

Saibam que, como meu pai, minha mãe e meu irmão, já chorei pela injustíssima morte do seu pai, mas também sorri, como estou sorrindo agora, ao lembrar de tantos momentos com vocês todos. Obrigada.

Seremos sempre irmãs distantes, porque fardo dividido é fardo mais leve. Contem sempre comigo.

Um beijo,
Fê =)










segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Falando nisso

A expressão "falando nisso" na minha família é usada como licença poética para mudar completamente de assunto, de pato pra ganso, como se diz a sabedoria popular. O que significa que esse post é um tanto diferente, é quase uma carta de revolta. Eu não curto discussões, não vou me alongar nem responder possíveis comentários. É isso o que eu acho sobre o assunto e se vc se ofende, perdão. Não vou mudar de idéia. Fique à vontade pra não ler.

Falando em sabedoria popular, começarei a minha digressão lembrando os populares que não assisto mais o Jornal Nacional, logo, não estou totalmente inteirada dos dramas que assolam a nação tupiniquim. Só sei que, graças a Deus, ninguém na NZ ouviu falar do Michel Teló e que a minha dose de informação vêm (sou pró-pré-reforma-gramatical) de sites que incluem em sua página inicial reportagens sobre o BBB ou o homem que tem uma língua gigante. Tirem suas próprias conclusões.

A minha informação também vem, em ondas frequentes, do facebook.
O que me leva ao assunto: sacolinhas plásticas.

Meu fb está sendo inundado de compartilhamentos e posts sobre como é difícil fazer compras sem sacolinhas plásticas, que os supermercados estão querendo lucrar com a venda de sacolinhas, que deve ser oferecida uma substituição da sacolinha plástica e até uns que dizem que a medida é totalmente ineficiente porque ninguém lembrou de tirar também as sacolinhas plásticas da seção de frutas e verduras e do açougue.

Guess what??!?!?

 Mudança é difícil pra 98% da população. 99% da população considera "reclamar" um esporte nacional. 95% da população acha que o capitalismo está por trás de tudo e que Ronald McDonald quer ser presidente da Europa. *

Get over yourselves, people!!!!!! É só uma sacolinha plástica!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Parem de fazer tanto drama! O seu lixo do banheiro NÃO precisa de uma sacolinha. O seu lixo da cozinha NÃO precisa de uma sacolinha. Você NÃO precisa de uma sacolinha pra levar uma cebola pra casa.

O intuito desse protocolo é reduzir a quantidade de sacolas plásticas nos lixões e a emissão de carbono proveniente da produção das mesmas. Substituir a bendita não resolve o problema, a não ser que você tenha um latão de composto orgânico no seu apartamento de 45m2, você tem? Porque dificilmente ela vai ser propriamente decomposta num lixão, do lado da pilha que vc jogou fora semana passada. E papel também ocupa espaço

Compre 4 sacolas reutilizáveis. Eu tenho certeza absoluta que não fazer um rombo no seu orçamento e vai resolver o seu problema. Cada uma custa o preço de uma coca-cola. Use caixas pra transportar compras maiores. Leve pro supermercado as sacolinhas de plástico e papel que vc já tem em casa - como assim, OMG, a vergonha??!!!!!!
Vergonha é usar uma sacolinha de plástico pra embrulhar um cacho de banana depois colocá-la dentro de outra sacola plástica, ou duas pra não rasgar. Vergonha é colocar um pacote de papel higiênico dentro de uma sacola plástica. Vergonha é achar que o lixo que você produz todo dia, cada balinha que vc come, magicamente desaparece carregado por elfos.

Páre de reclamar que "o supermercado só quer fazer lucro". Lógico que eles querem ter lucro, é um comércio, não uma casa de caridade. O que vc pode fazer -  e eu sei que funciona e existe e ninguém aqui reclama de pagar $0.20 por uma sacolinha - é protestar, reclamar, insistir e fazer com que o seu supermercado reverta a renda oriunda da venda das sacolinhas para uma instituição beneficente. Vai lá ou deixe de ir. Deixe de ser mente fechada, preguiçoso. Não espere que o supermercado resolva o seu problema. O problema deles acaba quando você paga a sua compra. A partir daí, o pobrema é todo seu.

Compre uma sacola de pano, deixe no seu carro, outra dobradinha dentro da bolsa, mais umas 3 na gaveta da cozinha. Ao invés de rasgar o plástico, tire o nó e leve a sacolinha de volta pra colocar suas maçãs no supermercado. Leve 2 minutos a mais no seu dia para lidar com o seu lixo, jogue o conteúdo do banheiro, do lixinho da pia, diretamente no latão e pronto. Não mata ninguém, juro. Não é nojento, não é anti-higiênico (a não ser que vc não lave as mãos depois), não é nada, é só mais um processo de limpeza.

Não estou falando que vc deve abandonar a sacolinha plástica em volta do frango, aquela que impede a contaminação das ameixas com salmonela letal, ou deixar de recolher o cocô do seu cachorro na rua porque gasta sacolinha. Estou falando de bom senso.

Você não precisa de tantas sacolinhas plásticas. E a única razão pela qual eu falo com tanta propriedade e com tanta paixão sobre esse assunto é a experiência. Aqui na Nova Zelândia, não é lei esse negócio de não distribuir sacolinhas. É BOM SENSO. Bom senso. Uma rede de supermercado ainda distribui, mas a imensa maioria leva suas sacolas de casa. Todas as lojas perguntam se vc realmente precisa de uma sacola pra carregar uma barra de chocolate ou um edredon. O outro mercado não distribui, cobra $0.10 por sacola, mas oferece caixas. Muitas pessoas levam suas compras no carrinho - sem sacola - e colocam direto no porta-malas. Choque!!! E a maior cadeia de lojas de departamento reverte a renda da venda de sacolinhas para caridade. Eu possuo 6 sacolas reutilizáveis, feitas de tnt (baratinho na 25 de março - fica a dica se vc é prendada) e tenho até uma que é térmica - muito prática pra quem mora a 30km do supermercado e compra congelados.

4 anos. Eu tenho essas sacolas a quase 4 anos. Você acha que eu estou até agora me lamentando os $2. que eu paguei em cada uma delas? Eu separo o meu lixo reciclável e eu mesma tenho que levar na cooperativa e jogar separadinho. Eu mesma tenho que levar meu lixo orgânico até um buracão no fim da fazenda, lá onde ficam as vacas mortas, e jogar fora. Periodicamente, esse buraco é queimado e depois tampado, vira pasto de novo. Nós produzimos aproximadamente 50litros de lixo por quinzena.

Meu ponto é, existem opções, muitas opções. A maioria exige que vc se esforce um pouquinho.

façameofavor. Grow up, get over youself and most importantly - Pick up after yourself.



*estatísticas totalmente inventadas da minha cabeça.

Pronto, momento revolta passou. 



domingo, 22 de janeiro de 2012

Há flores por todos os lado

Antes de começar esse post, que está querendo sair já faz um tempo, eu vou aproveitar para pedir desculpas por duas coisas: número 1 - post deprimente de Natal. Perdão, ninguém merece uma doida acabando com o espírito do bom velhinho. Segundo semestre não foi fácil para essa doida aqui, mas estamos tentando resolver os pobrema. Número 2 (hummm)- número reduzido de posts em 2011. 5 para ser mais exata. Não dá nem um post a cada dois meses. Eu não tenho uma legião de seguidores, na verdade tenho uma bandinha, uns gatos pingados de seguidores, mas 5 posts é até falta de educação. Perdão.

Agora, voltando ao assunto.
Acho que nem cheguei a contar que nós mudamos de fazenda e casa em julho - vide perdão número 2. Essa nova casinha, linda limpa e novinha, tem um quintalzão de grama todo cercado, alegria do cachorro. E uma carreira de terra ao redor, perfeita pra plantar. Então finalmente depois de quase 4 anos de NZ, cujo esporte nacional de sábado é cortar a grama, nós temos um jardim pra chamar de nosso!

Nos armamos de sementes, mudas, garfinhos, pazinhas, luvas e zero conhecimento.
Na carreira perto do portão, segundo a superstição, plantamos lavanda e alecrim. O alecrim, pra ser sincera, não está lá muito contente, mas a lavanda já se espalhou e dá flores e perfuma a entrada. No mesmo pedaço, de sementes nasceram a salsinha crespa que está tão grande e pesada, uma mini-floresta, e a cebolinha, fininha e suave, cada vez que se corta um talinho, nascem mais uma dúzia e ela cresce linda. A semente de pimenta não vingou, talvez  tenha sido excesso de mau-olhado, talvez tenha sido o gato que fez xixi em cima.





E essa última foto, entre a salsinha e a lavanda, mora a batata. Batatas que ganhamos no começo do ano e ficaram meses dentro de uma sacola escura, criando raízes e que eu eventualmente coloquei na terra e olhaí o que aconteceu: um arbusto de batata! Segundo informações confiáveis,  o procedimento é esperar as flores secarem e as folhas começarem a escurecer pra cavar as batatas e solucionar a dúvida que não nos deixa dormir à noite: quando se planta uma batata meio velha, se colhe a mesma batata ou ela se reproduz em uma nova batata? Ou mais batatinhas que espalham a rama pelo chão?? Menininha quando dorme põe a mão no coração?

Enfim, são muitas as dúvidas que cercam o mundo da jardinagem amadora.

Continuando:  do outro lado da porta, virando a esquina da casa, maridão construiu um novo espacinho pra plantar, de tijolos e um saco de terra. Nesse espacinho que nós claramente superestimamos, plantamos mudas de coentro, salsinha italiana lisa, hortelã, abobrinha e tomates.

Isso tudo começou a crescer desenfreadamente e agora o coentro já está do tamanho de uma árvore, a salsinha quer fugir pela lateral, a menta luta bravamente por espaço, a abobrinha coitada está sendo comida por bichinhos anônimos e o tomate, depois de orientação da Sheryl, foi amarrado em estacas e já tem 8 ou nove tomatinhos em seu caule, de tamanhos variando entre ameixa e azeitona, verdinhos, cujo desenvolvimento eu acompanho ansiosamente. Estou quase - bem perto, na verdade - dando nomes para os tomatinhos.

 Abobrinha, já comi 3 e tem mais umas duas lá, escondidas, crescendo. Salsinha em todas as refeições, mais um pote de pesto e nada dela acabar.

Talvez seja a alegria mais simples do mundo, definitivamente a mais antiga, essa de comer algo que vc escolheu, plantou, regou, colheu.

A horta. As florzinhas brancas são coentro.

Hortelã 

Abobrinha
 
Tomates

Florzinhas do tomate

Gato. Esse eu não plantei, mas ele fica bem à vontade escondido na salsinha