terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Inesquecível

Já em casa, com o cachorro rodeando, o sol se pondo às 21h30 e um calorzinho gostoso, resolvo colocar no "papel" o que vai ficar comigo depois dessa passagem relâmpago pelo Brasil...Como diz minha mãe, minha memória é prodigiosa: esqueço com uma rapidez que é um prodígio, melhor escrever pra posteridade.

Esse post então vai ser meio assim sem eira nem beira, meio sem conexão, meio meu.

Ah, e se por acaso do destino você passar por uma papelaria que venda a agenda Livro da Tribo de 2013, abra na página do dia 23 de setembro. Eu sou oficialmente uma autora publicada hehe...


      Chorar no avião chegando no Brasil, só porque. Os esperados abraços. A cara da cunhada quando ela viu o Rô. O abraço do sobrinho também surpreendido, do cunhado. O calor da água no Guarujá, a sobrinha com medo do mar, o caranguejinho na concha encontrada na praia, a concha viva. A feijoada. A ceia de Natal, o bolo de mel com pedaços de cravo, o peru, os presentes. A missa de Natal com a Mô depois de tanto tempo, a chuva torrencial e o marido esperando na saída com o guarda chuva e chinelos. As dificuldades das amigas que a gente não fica sabendo lá de longe. Querer levar todas embora comigo, levar o irmão também. Comer costela com velhas amigas novas, conhecer pessoalmente quem já me conhece tão bem, trocar lembrancinhas, cupcakes. Happy hour com amigos de sempre, descobrir como anda a vida. Águas de São Pedro continua a mesma, o café novo tem uma lasanha deliciosa, tomara que dure, a Zuleika ainda faz bombom de morango, o calor morno constante envolvente, andar de shorts, queimar a perna com limão, cortar o cabelo curtinho, poder participar do aniversário da melhor amiga e se sentir em família, mesmo depois de anos sem vê-los. Fazer manicure com florzinhas lindas, comer tapioca da sogra, show de MPB delícia dos amigos. Poder estar com a família toda no mesmo lugar ao mesmo tempo, sem drama. Relaxar, ver a vida acontecer.

A praia cheia, milhares de pessoas no supermercado, fila pra tudo, sol e chuva, a luz que acaba no dia 31 às 19h pra ninguém se arrumar demais pros fogos, água de coco e milho no potinho com kit. Trânsito, trânsito, everywhere trânsito. Fazer mandinga, pular 7 ondinhas, guardar a semente de romã. Amigos amigos, everywhere amigos! Discussões, conversas, risadas, churrascos eternos.
Conhecer bebês lindos, dar presentes pros sobrinhos, comer comer comer, beber caipirinhas variadas, não comprar quase nada pq não cabe na mala. Tentar ver todo mundo e não dá. Ter que se despedir mais uma vez.




Dubai.
O deserto, o pôr do sol no deserto, a areia cor de canela com açúcar, as palmeiras, as tâmaras, o shopping maior do mundo, o prédio mais alto do mundo, as lojas que só vi em sonho, o espaço e os espaços vazios da cidade ainda criança, os camelos muito maiores do que pensei, o motorista-guia do passeio, andar de camelo, fazer tatuagem de henna, jantar no acampamento, no chão com almofadas, o beduíno com o falcão, show de dança do ventre e a moça não faria feio na bateria da Vai-Vai, new zealand butter no café da manhã, shisha, os motoristas malucos, a fila pra pegar táxi, a união com o tiozinho pra não deixar dois folgados furarem a fila, conhecer a família do tiozinho, ele mais 5 mulheres - filha, esposa, irmã, etc., ter medo de andar de mão dada, as moças de burka, as lojas de burka e o ouro abundante, a sensação de ser menos, o metrô com vagão gold e outro só pra mulheres e crianças, a comissária da Emirates com quem sentamos no metrô e que depois fez nosso check-in no aeroporto, almoçar no The Cheesecake Factory só por causa da Penny, a blusa de Onde está Wally?, o Aquário com arraias bonitinhas, o Underwater Zoo com o aquário do Nemo e o pão-de-alho-do-mar. A marcação na janela e no teto do hotel sinalizando Mecca, os sinos durante o dia. O surrealismo fantástico de estar ali, num lugar que mal me dei o direito de imaginar, estar ali com o marido e ser mais feliz do que o mundo.

Sobrevoar a Tailândia e descobrir beleza na terra permeada de água. Ficar com raiva de passar tantas vezes pela segurança dos aeroportos, mas a moça em Bangkok tinha o cabelo em trança, a trança-flor mais difícil de fazer. Sobrevoar Sydney e ver a Ponte e a Ópera. Assistir milhares de filmes no avião, ser os primeiros a entrar e os últimos a sair. Filas intermináveis no aeroporto em Dubai. O pacote de boas-vindas organizado, Mr & Mrs MazziottiMacario assim tudo junto. Conversar com as comissárias, comer chocolate no avião, beber vinho e apagar, viajar de pijama, ter a minha shisha linda confiscada educadamente na alfândega na NZ, fazer as malas com peso perfeito. Assistir o vídeo de segurança da Emirates 8 vezes. Se surpreender, pois como uma viagem tão cansativa pode ser tão inesquecível?


 





















Chegar em casa, apertar o gato carente, trançando nas nossas pernas. Ir buscar o cachorro e ter medo que ele nos esqueceu, só pra ser derrubada numa avalanche de alegria quando ele nos vê.  Ser derrubada por uma avalanche de felicidade.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Estar de férias

Eu estou escrevendo esse post diretamente do meu quarto de solteira, na casa dos meus pais, em São Paulo, SP, Brasil sil sil e pra piorar, hoje começa oficialmente nossa última semana de férias.

Essas férias começaram diferente. Nós compramos passagens, coagidos e subsidiados por mamis e papis, em agosto, mas na mesma hora decidimos que haveríamos de surpreender alguém com a nossa presença. A escolhida foi a cunhada, que é incansável na sua luta de nos ver e abraçar. Só que né, com a globalização da informação, era praticamente impossível surpreender a cunhada que mora em Águas de São Pedro se qualquer pessoa de Águas de São Pedro soubesse que estávamos indo, porque ela é imensamente popular e querida. Fui boicotada do Facebook e do blog também, nem aparecia nas ligações do Skype pra não explodir de segredo. Tive que mentir pra ela que amo, pros outros irmãos e pra muita gente nesses últimos meses, mas só de ver a reação dela e o choro em cadeia no Guarujá o dia que finalmente aparecemos lá, eu acho que eu não vou pro Inferno por essas mentirinhas. Meus pais sabiam, meus amigos de SP sabiam e foram avisados pra não abrir o bico, a sogra soube e não abriu o bico, a operação "Vamos Matar a Sandra do Coração" deu certinho no final!



Essas férias foram curtas, sem o frenesi de antecipação e com Natal e Ano Novo familiares no meio, e muita gente nem soube que estávamos aqui até que o momento de ir embora apareceu na esquina. Nós viemos na surdina e vamos embora com muitas deliciosas lembranças.

Nós trouxemos presentes e muitos planos de ver, fazer, acontecer e tentar lembrar que estamos de férias onde todos estão na rotina. Descansar e recarregar com amor e amigos, comer, beber, não cobrar nada de ninguém. Viemos também com a intenção de não julgar, não comparar e esses falharam miseravelmente. Como não querer que o lugar onde mora o seu coração seja melhor pra todos? Como não desejar pra todos a vida calma que levamos?

Outro planos falharam igualmente. Ao invés de correr atrás da renovação da carteira de habilitação, corremos atrás de sorveteiro na praia. Tentamos visitar todo mundo, mas também corremos do agito e bebemos água de coco. Conhecemos Joanas e bebês lindos, mas outros vão ter que ficar só em fotos. Matamos a vontade de sorvete Kibon e a saudade de ser só filha e filho. Consertamos chuveiros, faróis do carro, cabelos feios e unhas mal-cuidadas. Passamos calor - pelamordeDeus, quem guenta? - Fomos muito ao supermercado, demos risada até dobrar, jogamos os planos feitos pela janela e eles devem estar até agora lá na praia, escaldados. Usamos shorts curtos sem dó e tomamos sol na sombra, pq na NZ sol faz mal e isso eu não esqueço nunca. Fomos no dentista que é o castigo das férias e fizemos algumas comprinhas que não sou de ferro.

Faremos na volta uma escala rápida em Dubai, um dia só, uma chance única de colocar o desconhecido na nossa história e expandir o nosso mundinho. Nossa chance de relembrar ser marido e mulher depois de ser filho, filha, irmão, tia, bff, nossas férias das férias pra voltar à realidade.

Como sempre, nos surpreendemos ao sentir no calor dos abraços, a saudade que deixamos pra trás e o amor que nunca acaba. E mais uma vez soubemos que o tempo aqui passa tão rápido, nunca vai ser suficiente pra tapar os buracos, alcançar as conversas ou substituir a lonjura das escolhas que um dia fizemos.

Aproveito pra pedir desculpas se não conseguimos nos encontrar, eu juro que estava nos planos e se pudéssemos, teríamos alugado um helicóptero pra ir mais rapidamente de um lugar pro outro.

Meu plano agora é não chorar muito no aeroporto, mas pelo histórico da viagem....num sei não.